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Hipofosfatasia

A hipofosfatasia é uma doença em que variantes patogênicas (mutações) no gene ALPL afetam de algum modo a função da enzima fosfatase alcalina. Esta enzima possui isoformas que se relacionam à atividade do fígado, do intestino, do rim, da placenta, mas a que é importante nesta doença é a função de mineralizar os ossos.

Assim, uma vez que há pouca enzima ou ela não funciona normalmente, as células não conseguem depositar quantidades normais de cristais de hidroxiapatita nos ossos. Desta maneira, eles ficam “moles” e isto se relaciona à maior fragilidade e dor. Além disso, há um componente de fraqueza muscular associado.

A depender dos tipos de mutações, a gravidade e a idade de aparecimento de sintomas podem variar, com formas perinatal, infantil, pediátrica leve ou grave, e adulta, além de uma forma que afeta predominantemente os dentes (odonto). É importante lembrar que algumas pessoas podem possuir uma cópia da variante patogênica e ela não ser suficiente para gerar sintomas, mas pode refletir nos baixos níveis da enzima no sangue. Assim, nem todo mundo com baixa fosfatase alcalina terá hipofosfatasia – o quadro clínico é o principal fator no momento de se firmar o diagnóstico.

Toda doença em que uma enzima não funciona adequadamente gera acúmulo das substâncias que são metabolizadas. Para as manifestações clínicas, identifica-se acúmulo de pirofosfato inorgânico, mas este composto não é avaliado habitualmente em laboratórios comerciais. Assim, usa-se rotineiramente outro substrato – a vitamina B6 (piridoxal 5’-fosfato). É possível avaliar outro composto, a fosfoetanolamina, que mais comumente é analisada na urina.

Há algumas particularidades que precisam ser avaliadas:

  1. os níveis normais desta enzima quando medidos no sangue variam de acordo com a idade, e nem sempre isto está explícito nos laudos
  2. há diversas causas de baixa fosfatase alcalina que precisam ser excluídas, como deficiência de zinco, deficiência de vitamina C, uso de corticosteroides, uso de antirreabsortivos, doença celíaca, entre outros.
  3. Ao se dosar o nível de vitamina B6 no sangue precisamos nos certificar de que não há suplementação externa (uso de polivitamínicos, alimentos suplementados etc.)
  4. Assim como nem todos que possuam baixa fosfatase alcalina tem hipofosfatasia, o mesmo vale para níveis elevados de vitamina B6.
  5. Em crianças com amamentação exclusiva, é importante avaliar os níveis dos nutrientes na mãe, uma vez que isto pode refletir nos níveis da criança.
  6. A investigação de outros casos na família é importante para aqueles em que a doença aparente herança dominante.

Muitas vezes o diagnóstico pode ocorrer em idade adulta, e é importante avaliar exames prévios para se certificar de que a baixa fosfatase alcalina é um achado constante, e não pontual.

Além do diagnóstico precoce, os pacientes precisam de cuidado especializado com suporte nutricional, apoio de fisioterapia e terapia ocupacional na reabilitação e manutenção da funcionalidade, manutenção de níveis adequados de minerais e vitaminas relacionadas ao metabolismo ósseo e a força muscular, cuidado psicológico para auxiliar no enfrentamento dos desafios do dia a dia, e envolvimento multiprofissional com avaliações de outras especialidades como por exemplo odontologia, pneumologia e ortopedia.

A depender da idade de início e da gravidade dos sintomas, há atualmente a possibilidade de terapia de reposição enzimática como tratamento.

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