A hipofosfatemia ligada ao X é uma doença de origem genética em que variantes patogênicas (mutações) no gene do PHEX. Este gene está localizado no cromossomo X, de onde deriva o nome. O nome raquitismo hipofosfatêmico ligado ao X ainda é muito utilizado, mas apesar das alterações de raquitismo serem importantes, não explicam tudo que acontece no organismo, sendo o termo hipofosfatemia ligado ao X mais adequado.
Estas mutações resultam em perda de fósforo pelos rins. Isto gera baixos níveis de fósforo no sangue e consequentemente um mecanismo de compensação que remove o fósforo dos ossos e dos dentes para tentar manter o nível no sangue. Como o rim continua eliminando o fósforo, mais e mais é removido dos ossos e isto atrapalha a mineralização e gera fraqueza muscular.
Além disso, o rim não consegue converter a vitamina D em sua forma ativada, gerando baixos níveis da forma 1,25-di-hidroxivitamina D, ou calcitriol.
A consequência destas alterações metabólicas é o raquitismo, em que a placa de crescimento está afetada e interfere no crescimento dos ossos, e a osteomalacia, em que o osso fica “mole”. Assim ocorre curvatura dos ossos a partir do momento em que a criança começa a andar e os afetados têm menor estatura, dor crônica relacionada ao osso e aos músculos, e graves problemas dentários.
Há algumas questões que precisam ser avaliadas:
- Nem todo nível baixo persistente de fósforo é de origem genética. Existem situações em que tumores, geralmente benignos, produzem substâncias que estimulam o rim a eliminar o fósforo (e o tratamento é identificação e remoção deste tumor)
- Nem todo nível baixo persistente de fósforo é causado por variantes patogênicas no gene PHEX. Pode ser necessária uma avaliação de mutações em outros genes quando a investigação é inconclusiva
- É importante lembrar que os níveis de fósforo variam de acordo com a idade e isto nem sempre está explícito nos laudos.
- A investigação de outros casos na família é importante.
Além do diagnóstico precoce, os pacientes precisam de cuidado especializado com suporte nutricional, apoio de fisioterapia e terapia ocupacional na reabilitação e manutenção da funcionalidade, manutenção de níveis adequados de minerais e vitaminas relacionadas ao metabolismo ósseo e a força muscular, cuidado psicológico para auxiliar no enfrentamento dos desafios do dia a dia, e envolvimento multiprofissional com avaliações de outras especialidades como por exemplo odontologia, otorrinolaringologia, neurocirurgia e ortopedia.
Os adultos podem ser acometidos por osteoartrite precoce, dor crônica e entesopatias, em que ocorre calcificação da inserção de ligamentos e tendões, trazendo rigidez e prejuízo de mobilidade.
Existe o tratamento convencional em que se repõem fósforo e calcitriol por via oral. E há um tratamento aprovado em que se bloqueia o hormônio que induz à perda de fósforo pelos rins.